segunda-feira, 2 de agosto de 2010

CIENTISTAS BRASILEIROS PROPOEM CODIGO DE BIODIVERSIDADE NO LUGAR DO FLORESTAL

Materia publicada no site da Academia Brasileira de Ciencias (ver texto integro no link embaixo)

Aziz Ab'Saber sugere código da biodiversidade no lugar do florestal


30/07/2010

O geógrafo e Acadêmico Aziz Ab'Saber, um dos homenageados na 62ª Reunião Anual da SBPC*, defendeu em uma conferência, realizada no dia 27/7, a criação de um código da biodiversidade no lugar do atual Código Florestal, que está em discussão no Congresso. Para o geógrafo de 88 anos e presidente emérito da SBPC, é preciso ampliar a proteção dos biomas e expandir a noção de área de preservação para além das florestas. "Precisamos de um código da biodiversidade e não apenas florestal. Se não, como fica a caatinga, por exemplo?", questionou.

Ab' Saber criticou a proposta de revisão da norma, que protege do desmatamento áreas de floresta. Para ele, o texto defendido pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) beneficia apenas "um grupo de riquinhos" que não segue os preceitos da bioética. "Os ricos do mundo não querem saber do ambiente, querem é ganhar dinheiro a seu favor com a tecnologia. Temos que ter mais cuidado com os fatos da história da vida. Que os ricos fiquem com riqueza adquirida, mas que não se metam na destruição da vida da Terra", afirmou.

O Acadêmico conclamou os cientistas brasileiros a se manifestarem contra a reforma e alertou para os riscos de um novo código florestal, mais permissivo, ser aprovado. "Não dá para comparar o que eles querem que aconteça com a Amazônia com o que já aconteceu no passado. No passado havia muita ignorância sobre todos esses fatos [relativos às consequências do desequilíbrio ambiental], mas hoje temos uma consciência ambiental, uma consciência bioética. Temos que fazer planejamento, pois o nosso tempo é o tempo da ciência e do conhecimento", discursou.

Em artigo publicado na página da SBPC, o geógrafo aponta seus principais argumentos contra alterações no código florestal. Nele, há críticas sobre a estadualização da legislação ambiental, a possibilidade de recuperação de áreas degradadas com vegetação homogênea e a tentativa de redução da área obrigatória de preservação.

"[Os reformuladores] poderiam perceber que o caminho da devastação lenta e progressiva iria criar alguns quadros de devastação similares ao que já aconteceu nos confins das longas estradas e seus ramais, em espaços de quarteirões implantados para venda de lotes de cinquenta a cem hectares, onde o arrasamento de florestas no interior de cada quarteirão foi total e inconsequente, decorridos poucos anos', escreve.

(Marcelo Medeiros para o jornal da SBPC, 29/7/2010; foto de Lucia B. Torres)

*Sociedade Brasileira para o Progresso das Ciências

http://www.abc.org.br/IMG/doc/doc-181.doc

Nenhum comentário:

Postar um comentário